quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Filosofia

"O seu modo de vida pode ser universalizável? A forma como você vive poderia ser boa para todas as pessoas? Todas as pessoas agem desse jeito? A sociedade se manteria? Esse tipo de jogo que o Kant pedia era um jogo de imaginação de imaginar que o absurdo de todo mundo seguia sua própria máxima, se aquilo poderia valer pra todo mundo. 

Eu acho que esse tipo de jogo já está pressuposto, por exemplo, lá no Aristóteles quando ele fala no desenvolvimento das virtudes. Ele pensa cada ser humano como uma planta que ela tem que desenvolver todas as suas potencialidades. Só que existem plantas com algumas diferenças, mas as condições para o desenvolvimento devem ser as mesmas. 

Uma filósafa Martha Nusshaum faz a parte da ideia de índice do desenvolvimento humano do Amartya Sen da economia algo bem interessante. Não basta distribuição de renda, você tem que dá condição pra que toda pessoa desenvolva suas potencialidades. Não só condições de saúde, de educação, mas também de participar do debate social, participar do jogo da razão de forma pública. Numa ditadura você não conseguiria fazer isso. Mesmo numa democracia você não consegue participar do jogo porque depende de qual empreiteira você é dono [risos] de quantas vagas no Congresso você consegue comprar pra sua casa... mas isso é outro detalhe. [...] 

Todas as sociedades-nações foram fundadas na leitura de certos livros: literatura... O fato de você compartilhar uma língua geralmente era o que unia uma nação. Agora a gente chegou num ponto que as pessoas não estão mais lendo nada. [...]

Talvez a vantagem da filosofia seja essa vantagem de tentar... essa ilusão do universal faz com que muitas vezes essa filosofia julgue o certo e o errado. Nossa tendência é sempre fazer esse tipo de julgamento e a filosofia serve de justificativa pra esse tipo julgamento. E esse julgamento já permite a ação. Por exemplo, um antropólogo vai trabalhar muito descrevendo as coisas como são, um antropólogo vai sempre descrever as coisas e não vai julgá-las. Por exemplo, um antropólogo pode ir no morro carioca e descrever tudo o que tá acontecendo lá no funk e ver todos os aspectos... a função social daquilo. Um filósofo vai sempre querer julgar se isso é bom, se isso é ruim. Qual é a conseqüência daquele tipo de valor e vai ter juízos parciais, mas ele vai querer fazer o julgamento."
 (sic)


Marcos Carvalho Lopes 
no 1º podcast do Filosofia Pop

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