quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Centenário de Nelson Rodrigues em exposição na Torre Malakoff

Em comemoração do centenário de Nelson Rodrigues, a Torre Malakoff sedia a Ocupação Nelson Rodrigues. A exposição reúne um grande acervo de jornais, pôsteres, entrevistas sonoras, visuais e impressas, revistas e informações sobre o escritor que poucos conhecem. De um lado, a parte do Nelson jornalista, a outra, a parte Nelson família, dramaturgo e escritor.

Nelson Rodrigues nasceu em Recife em 1912. Aos 4 anos de idade mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro. Foi o quinto filho dos 14 do casal Maria Esther Falcão Rodrigues e Mario Leite Rodrigues, como indica a árvore genealógica exposta na mesa na Torre Malakoff. Escreveu romances, contos, crônicas, peças e novelas de TV.
Como jornalista, trabalhou no jornal A Manhã (propriedade de seu pai), foi repórter policial aos 13 anos, seguindo a carreira da maioria de seus irmãos. Nelson, ajudado pelo seu irmão Mário Filho, que era amigo de Roberto Marinho, começou a trabalhar no jornal O Globo mas sem salário. Seu maior sucesso jornalístico é quando começa a escrever as crônicas de A vida como ela é em Última Hora nos anos 50. No esporte, ele era apaixonado pelo Fluminense e começou a escrever crônicas esportivas em 1962 com 50 anos.
O escritor descobre que é tuberculoso, seu tratamento é custeado por Marinho. Depois de recuperado, assume a seção cultural de O Globo, fazendo críticas de ópera. Em 1945 abandona O Globo e passa a trabalhar nos Diários Associados. Começa a escrever seu primeiro folhetim Meu destino é pecar, assinado pelo pseudônimo de “Susana Flag”. O sucesso do folhetim alavancou as vendas de O Jornal e o estimula a escrever uma terceira peça, Álbum de família, que foi censurada e publicada apenas em 1965.
O “anjo pornográfico”, como se dizia Nelson, fala como começou a gostar de dramaturgia em um de seus relatos expostos na Torre Malakoff em Recife: “Na verdade, sempre achei de um tédio sufocante qualquer texto teatral. Só depois de Vestido de Noiva é que tratei de me iniciar em alguns dramaturgos obrigatórios, inclusive Shakespeare.” Vestido de Noiva foi o grande sucesso de Nelson Rodrigues, uma renovação no teatro brasileiro. A partir daí ele se transforma em um grande representante da literatura teatral de seu tempo. Muitas vezes, suas peças eram vistas como obscenas e imorais.
Nos anos 70 a saúde de Nelson Rodrigues começa a decair. O período coincide com os anos de regime militar que o escritor sempre apoiou. Foi neste mesmo período, que acontece o fim do casamento com Elza, e Nelson veio a se casar duas vezes com Lúcia Cruz e Helena Maria. Nelson Falcão Rodrigues falece num domingo de manhã no ano de 1980 aos 68 anos de idade. Foi enterrado em Botafogo no cemitério de São João Batista.
Em suas obras, Nelson era  realista e também criticava a sociedade,  principalmente o casamento: “Mais tarde, eu saberia que trair um amor é uma impossibilidade. Mesmo com outra mulher, é o ser amado que estamos possuindo”. Foi um dos maiores observadores da sociedade, e também da mulher: “Era preciso que alguém fosse, de mulher em mulher, anunciando: - ‘Ser bonita não interessa. Seja interessante’”. Em O Primo Basílio, o escritor expõe seu erotismo realista e conquista o público.
Nelson Rodrigues escreveu 17 peças teatrais. Elas estão agrupadas em 3 grupos: peças psicológicas, peças míticas e tragédias cariocas. Algumas novelas da TV Globo foram baseadas na obra do autor. Também 24 filmes foram baseados em suas obras.
Aos 4 anos de idade, Nelson já se revelava um escritor polêmico num concurso de redação, ele escreve uma história de adultério. Foi neste mesmo período que a vizinha de Nelson o vê aos beijos com sua filha de 3 anos de idade, com ele sobre ela. Meio tarado não?
Nelson foi um grande escritor, dramaturgo, cronista e jornalista. Este pernambucano mais carioca do Brasil, está imortalizado na literatura brasileira. A exposição vai até o dia 21 de outubro na Torre Malakoff, Bairro do Recife. A exibição mostra cadeiras com tablets com imagens de entrevistas de Nelson, fotos. Há também móveis antigos e máquinas datilográficas para voltar à época de Nelson. As frases do escritor estão em todos os lugares, no chão, nas paredes, e projetores que exibia também imagens.

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